
Não, eu não li o livro...
Um dos filmes mais esperado do ano estrou envolto em polémicas. Várias. Muitas polémicas. Mas, a verdade é que esta versão cinematográfica do livro de Dan Brown é tudo menos polémica. Sem ter lido o livro, a ideia que me ficou foi de que Ron Howard suavizou a história. Não se quis comprometer e deixou que cada personagem tivesse uma opinião distinta sobre cada assunto abordado, dando assim espaço de manobra para cada um acreditar no que quer.
Muito sinceramente fiquei desiludido com a história, um dos livros mais falados de sempre afinal apenas usa mitos urbanos, teorias de que todos já ouvimos falar. A razão pela qual as pessoas gostam tanto do livro é pela forma como está construído, os constantes twists e surpresas. Obviamente, quem já leu o livro e gostou, dificilmente vai ter uma experiência tão satisfatória no cinema porque já conhece todos os mistérios que há para desvendar. Esta é a minha opinião de porque é que grande parte das pessoas acha o filme monótono. Se há coisa que o filme não é, é monótono. Pode ser pouco estimulante, pode não conseguir uma ligação com o público, pode ter um Tom Hanks totalmente invisível, mas monótono, não.
É realmente incrível como um dos melhores actores actuais consegue ser tão dispensável num filme em que é suposto ser a personagem principal. A única coisa que sabemos sobre ele durante todo o filme é o seu medo de espaços fechados. Somos repetitivamente confrontados com esse aspecto, sempre à espera de que tenha alguma importância para o desenrolar do filme, mas, nunca chega a ter. Audrey Tautou consegue um desempenho satisfatório (longe de brilhante, mas ainda assim satisfatório) e Jean Reno está totalmente em piloto automático, desempenhando o seu papel como apenas mais um dos mil polícias que já representou no cinema. Destaco obviamente Ian McKellen que consegue dar ao seu personagem uma dinâmica interessante, mas foi PaulBettany que mais me impressionou. O seu Silas é de um profundidade avassaladora e, se grande parte se deve à sua caracterização, também não devemos deixar de elogiar o actor. Em Dogville Paul Bettany já me tinha impressionado mas aqui a força do seu olhar é notável. Quanto a mim, o ponto alto do filme. Devo ainda realçar os cenários em que o filme é gravado, especialmente o museu do Louvre que consegue ser uma personagem por si só (por vezes mais expressivo do que Tom Hanks).
Uma das críticas que mais têm feito é de que a história se apodera do filme, não deixando espaço para que as personagens sejam desenvolvidas. Mas, num filme deste tipo, sinceramente, quem é que quer que se perca tempo a desenvolver as personagens? Provavelmente um bom realizador conseguiria equilibrar estes dois pólos, mas Ron Howard? Não me parece. A acção consegue ser suficiente para que não tenhamos de ser aborrecidos com crises interiores e romances que dentro deste contexto seriam totalmente despropositados.
Meio mundo leu o livro. É um facto. Talvez, se The Da Vinci Code fosse uma obra desconhecida, a versão cinematográfica não tivesse sido tão mal aceite, porque até é um filme competente. Feliz ou infelizmente, meio mundo exigia mais e Ron Howard não conseguiu alcançar esse grau de exigência.
De uma coisa podemos estar certos, The Da Vinci Code vai estar no top 5 dos filmes mais rentáveis do ano. Arriscava-me a dizer que vai ser O mais rentável, mas depois de o ver e de a crítica ser tão negativa, já não ponho as minhas mãos no fogo.
Não acho que seja uma obra competente... podes perceber porquê aqui: http://viciadocinematv.blogs.sapo.pt/135105.html
E em parte concordo com a história do sucesso do livro...
Infelizmente acho que o filme vai "apanhar" quando de facto o problema já vem de tras, do próprio livro...